sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Da História das Mentalidades a História Cultural



1ª Geração dos Annales: Marc Bloch e Lucien Febvre

  • Não obstante o predomínio do espírito de síntese e a busca de uma história totalizante, a preocupação com as mentalidades apareceu muito cedo nos  Annales,  conforme indica a produção historiográfica dos próprios fundadores. Marc Bloch, por exemplo, celebrizado pelos estudos rurais em perspectiva comparativa, e particularmente pelo clássico  A Sociedade Feudal,  escrito nos anos 30 (traduzido pela Edições 70 portuguesa), foi verdadeiramente precursor da história das mentalidades e de uma espécie de antropologia política ao escrever Os reis Taumaturgos.

2ª Geração dos Annales: Fernand Braudel

  • Adensamento da problematização teórica dos  Annales, consolidação do espírito de síntese que animava o “fazer história” de Bloch e de Febvre.
  • Obra máxima: O Mediterrâneo
  • “Meu grande problema, o único problema, a resolver  é demonstrar que o tempo avança com diferentes velocidades” -
  • Tempo Longo, estruturalismo de Lévi-Strauss
  • A longa duração seria conceito caríssimo à concepção de mentalidades, concebidas como estruturas de crenças e comportamentos que mudam muito lentamente, tendendo por vezes à inércia e à estagnação


3ª Geração: Robert Mandrou, Jacques Le Goff

  • O livro-chave dos “novos tempos” talvez  tenha sido mesmo, como muitos dizem, o Magistrais et sorciers en France au XVII e  siècle,  publicado em 1968 por Robert Mandrou. Colocando em cena o tema da perseguição à feitiçaria na França moderna.
  • Preferência por assuntos ligados ao cotidiano e às representações, na falta de expressões melhores: o amor, a morte, a família, a criança, as bruxas, os loucos, a mulher, os homossexuais, o corpo, a morte, os modos de vestir, de chorar, de comer, de beijar etc. Microtemas, portanto, recortes minúsculos do todo social. 
  • Quanto ao estilo, costuma-se realçar seu apego à narrativa e à descrição em detrimento da explicação globalizante História das Mentalidades passa a ser criticada por ser “demasiadamente antropológica”, ao privilegiar a estagnação das estruturas na longa duração, ou condenada, pelo contrário, por ser “insuficientemente antropológica”, ao julgar o outillage mental de sociedades passadas à luz da racionalidade contemporânea


História Cultural

Rejeição ao conceito de mentalidades, considerado excessivamente vago, ambíguo e
impreciso quanto às relações entre o mental e o todo social

Não recusam, pelo contrário, a aproximação com a antropologia, nem a longa duração. E longe estão de rejeitar os temas das mentalidades e a valorização do cotidiano, para não falar da micro-história, por muitos considerada legítima, desde que feitas as conexões entre microrrecortes e sociedade global.

Nova História cultural revela uma especial afeição pelo informal e, sobretudo, pelo  popular

Preocupação em resgatar o papel das classes sociais, da estratificação, e mesmo do conflito social chamada história cultural é uma história plural, apresentando caminhos alternativos para a investigação histórica
Síntese:
(1) recusa do conceito vago de mentalidades;
(2) preocupação com o popular;
(3) valorização das estratificações e  dos conflitos socioculturais como objeto de investigação.

Principais nomes:
1.     
1.       1. A história da cultura praticada pelo italiano Carlo Ginzburg, notadamente suas noções de cultura popular e de circularidade cultural presentes quer em trabalhos de reflexão teórica, quer nas suas pesquisas sobre religiosidade, feitiçaria e heresia na Europa quinhentista.

2. A história cultural de Roger Chartier, historiador vinculado, por origem e vocação, à historiografia francesa — particularmente os conceitos de representação e de apropriação expostos em seus estudos sobre “leituras e leitores na França do Antigo Regime”.

3. A história da cultura produzida pelo inglês Edward Thompson, especialmente na sua obra sobre movimentos sociais e cotidiano das “classes populares” na Inglaterra do século XVIII

Nenhum comentário:

Postar um comentário