1ª Geração dos Annales: Marc Bloch e Lucien Febvre
- Não obstante o predomínio do espírito de síntese e a busca de uma história totalizante, a preocupação com as mentalidades apareceu muito cedo nos Annales, conforme indica a produção historiográfica dos próprios fundadores. Marc Bloch, por exemplo, celebrizado pelos estudos rurais em perspectiva comparativa, e particularmente pelo clássico A Sociedade Feudal, escrito nos anos 30 (traduzido pela Edições 70 portuguesa), foi verdadeiramente precursor da história das mentalidades e de uma espécie de antropologia política ao escrever Os reis Taumaturgos.
2ª Geração dos Annales: Fernand Braudel
- Adensamento da problematização teórica dos Annales, consolidação do espírito de síntese que animava o “fazer história” de Bloch e de Febvre.
- Obra máxima: O Mediterrâneo
- “Meu grande problema, o único problema, a resolver é demonstrar que o tempo avança com diferentes velocidades” -
- Tempo Longo, estruturalismo de Lévi-Strauss
- A longa duração seria conceito caríssimo à concepção de mentalidades, concebidas como estruturas de crenças e comportamentos que mudam muito lentamente, tendendo por vezes à inércia e à estagnação
3ª Geração: Robert Mandrou, Jacques Le Goff
- O livro-chave dos “novos tempos” talvez tenha sido mesmo, como muitos dizem, o Magistrais et sorciers en France au XVII e siècle, publicado em 1968 por Robert Mandrou. Colocando em cena o tema da perseguição à feitiçaria na França moderna.
- Preferência por assuntos ligados ao cotidiano e às representações, na falta de expressões melhores: o amor, a morte, a família, a criança, as bruxas, os loucos, a mulher, os homossexuais, o corpo, a morte, os modos de vestir, de chorar, de comer, de beijar etc. Microtemas, portanto, recortes minúsculos do todo social.
- Quanto ao estilo, costuma-se realçar seu apego à narrativa e à descrição em detrimento da explicação globalizante História das Mentalidades passa a ser criticada por ser “demasiadamente antropológica”, ao privilegiar a estagnação das estruturas na longa duração, ou condenada, pelo contrário, por ser “insuficientemente antropológica”, ao julgar o outillage mental de sociedades passadas à luz da racionalidade contemporânea
História Cultural
Rejeição ao conceito de mentalidades, considerado excessivamente vago,
ambíguo e
impreciso quanto às relações entre o mental e o todo social
Não recusam, pelo contrário, a aproximação com a antropologia, nem a
longa duração. E longe estão de rejeitar os temas das mentalidades e a
valorização do cotidiano, para não falar da micro-história, por muitos
considerada legítima, desde que feitas as conexões entre microrrecortes e
sociedade global.
Nova História cultural revela uma especial afeição pelo informal e,
sobretudo, pelo popular
Preocupação em resgatar o papel das classes sociais, da estratificação,
e mesmo do conflito social chamada história cultural é uma história plural,
apresentando caminhos alternativos para a investigação histórica
Síntese:
(1) recusa do conceito vago de mentalidades;
(2) preocupação com o popular;
(3) valorização das estratificações e
dos conflitos socioculturais como objeto de investigação.
Principais nomes:
1.
1. 1. A
história da cultura praticada pelo italiano Carlo Ginzburg, notadamente suas
noções de cultura popular e de circularidade cultural presentes quer em
trabalhos de reflexão teórica, quer nas suas pesquisas sobre religiosidade,
feitiçaria e heresia na Europa quinhentista.
2. A história cultural de Roger Chartier, historiador vinculado, por
origem e vocação, à historiografia francesa — particularmente os conceitos de
representação e de apropriação expostos em seus estudos sobre “leituras e
leitores na França do Antigo Regime”.
3. A história da cultura produzida pelo inglês Edward Thompson,
especialmente na sua obra sobre movimentos sociais e cotidiano das “classes
populares” na Inglaterra do século XVIII
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